29.11.12

um escritor alemão disse:


A Sabedoria da VelhiceAquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de ser as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até ao fim, ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e interdependências e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada daquilo que é transitório e já se passou se perde.Hermann Hesse, in 'Elogio da Velhice'
Belas palavras, um belo conselho: nada irá se perder se seguirmos atentos, ano após ano. Eu, aos 25, já me sinto velha para algumas coisas e em alguns comportamentos (que não possuo mais e nos que possuo agora). Isso é estranho, pois ao mesmo tempo que me sinto jovem para muito, me sinto velha para um tanto. Mas a vida é capaz disso, de a cada dia de vida aumentar nossa rede de relações e interdependências... e nada do que foi e do que ainda será, nada será transitório e nada se perderá. Ao menos, nada que nos marcar. Envelheçamos com esse conselho bem guardado. Bjons... Thais

Quão perto estamos, produção?

20.11.12

viver a mudança

Mais importante que mudar é viver a mudança, o processo de transformação dentro de nós é algo muitas vezes inexplicável, mas compreensível. As circunstâncias estão a nos cercar todos os momentos pra isso. As condições estão a nos transformar, pois por meio delas, por passarmos por elas é que tomamos decisões,  mudamos ou persistimos no caminho. Persistimos ou mudamos.
Viver a mudança é não esperar que ela aconteça sozinha. É estar aberto ao dia a dia, mas estar disposto ao novo, se abrir ao desconhecido, ter sede pela água que tem pra beber, mas querer o vinho que nunca tomou, ter fome da comida que tem na mesa, mas querer provar a culinária de qualquer outra parte o mundo, nem que seja da cidade vizinha. Estar perdido é saber que se está em algum lugar que se desconhece, então conheça este lugar, aproveitar a oportunidade é um dom. Oportunidades muitas vezes vem a nós disfarçadas de infortúnio. Cuidado com a cabeça, cuidado com os pensamentos, cuidado com suas vontades, mas não tenha cuidado ao sonhar! Seja livre e veja as oportunidades por trás de qualquer coisa que vier, principalmente o que está fora do planejado. Pra se surpreender é preciso furar o cenário, é preciso sair do roteiro, é preciso querer mais do que só o que está programado. As surpresas nunca estão nos planos, então veja o mundo ao seu redor.

5.11.12

Preconceito em Paraty, vítimas: os índios


Na última quarta-feira (31/10) conheci um lugar maravilhoso de Paraty. A praia e bairro Parati-Mirim. A estrada pra chegar até lá não é tão curta depois que sai da rodovia, mas garanto que vale à pena. Quando você chega na praia você não acredita nas cores do mar. O tom azul esverdeado claro vai até longe, onde encontra um tom um pouco mais escuro e assim vai mar adentro. É maravilhoso. Para ir de um lado da praia ao precisa se atravessar um rio, a paisagem é maravilhosa. Em Parati-Mirim também tem uma aldeia de índios tupi-guaranis e quando cheguei à praia vi duas senhoras da tribo sentadas à sombra de uma árvore enquanto seus filhos ou netos estavam brincando na areia e na água, nús em pelo, crianças felizes e saltitantes. As crianças deviam ter por volta de uns 3 à 8 anos e eram várias. O menorzinho não entrava muito na água, mas rolava na areia e de longe dava pra ver que era um piá (menino), pois quando ficava de cócoras brincando com a areia, o saquinho dele balançava entre as pernas.. hahahaha... eu achei uma cena linda, todas aquelas crianças brincando. Linda mesmo. As senhoras saíram da sombra umas duas ou três vezes para pegar alguma coisa na areia da praia. Provavelmente conchas ou algo que o mar trás e elas usam como matéria prima para seus artesanatos, posteriormente vendidos no centro histórico de Paraty. Comentei com meu namorado das crianças brincando e de como devia ser antes do homem branco chegar à costa do "nosso" Brasil. Nosso país, que pra nós tem pouco mais de 500 anos, é país deles, dos índios, a bem mais tempo que isso. Chamavam esta terra de Pindorama (terra, lugar, região das palmeiras em tupi-guarani), mas hoje aceitam simplesmente chamar de Brasil como todo e qualquer brasileiro. No decorrer da história que por aqui se fez, os índios tiveram que aceitar tanta coisa e tantos outros morreram por não aceitar. O que me indigna é que ainda hoje, muitos índios tem de suportar calados o preconceito de pessoas que se acham melhor que qualquer outra pessoa que não seja de sua cor ou etnia. Fui testemunha disso quando voltei de ônibus da praia. Já estavam no ônibus as crianças e as duas senhoras que antes estavam na praia. Entrei, paguei a tarifa, sentei perto da roleta e lá vai o ônibus sacolejando pela estradinha. Uns minutos se passam e um senhor vai falar com a cobradora "Viu, escuta aqui, eu já falei! A próxima vez que pegar esse ônibus e esses filhote de índio ficar rindo de mim, vocês já sabem o que vai acontecer. eu já falei!!! Já avisei!". Eu não conseguia entender o que aquele senhor queria dizer com essas palavras! Ou melhor, conseguir eu consegui, mas não queria entender, não queria acreditar como alguém tem coragem de falar assim, como se aquelas crianças fossem animais. A cobradora nem deu bola, olhou pra ele como se fosse surda e o deixou falando. Só que então um rapaz que estava sentado bem de frente pra ela, com traços de índio, cor e cabelo, só que com brinquinho na orelha, corrente de prata, todo na moda, ficou muito bravo e mandou: "Que você tá falando aí? Fala baixo meu!" e o senhor: "Ah, você é da tribo também, tá se doendo.". A cena foi inacreditável. O senhor rabugento e preconceituoso falando merda, o rapaz retrucando e falando que eles iam descer na estrada, que ele sabia onde o cara ia e que ele ia acertar com ele fora do ônibus. Nisso, as crianças e as senhoras já haviam descido. Eu simplesmente fiquei indignada. Não tinha atitude, não sabia o que fazer e não fiz nada. Como muitos e todos os outros que estavam no ônibus, não fiz nada. Aquela cena devia se repetir diversas vezes, naquele ônibus e talvez nessa cidade que moro atualmente. Fico abismada. Eu conheço pessoas que não suportam ver as crianças indígenas no centro histórico, cantando na língua deles pra ganhar umas moedas, ficam de cara com os gringos que dão dinheiro pra eles. MAS MEU DEUS! QUANTA HIPOCRISIA!!! Essas pessoas tão indignadas são descendentes de europeus, são brancos, de olhos claros, cabelos loiros e POXA VIDA! Seus antepassados fizeram muito pior, davam bugigangas ou chicotadas em troca das riquezas desses índios. Usam a desculpa de isso é crime simplesmente porque não querem ficar o dia todo ouvindo os índios cantando da porta de seus lindos comércios no centro histórico de Paraty. Por diversas vezes ouço um ou outro falando "não aguento mais esses índios cantando", depois vem falar que se importam com eles, com os índios? Eles estão é preocupados com os próprios ouvidos. Esse povo é podre. Esse povo me dá ânsia! E Paraty é terra de preconceito como toda e outra qualquer terra onde existe o ser humano soberbo e que se acha melhor que seu próximo.