14.1.13

Vou criar algo velho


Hoje acordei disposta a criar algo novo, algo novíssimo, algo zero quilometro. Eu no auge dos meus vinte e cinco anos até agora não me vi criar nada novo. E agora creio que já não dá mais tempo.
Nova eu sou, mas só se comparado com alguém que já passou dos 80 anos, ainda estou nos 25, 55 anos mais nova. Ah! Sou nova ainda! Viu. Mas se eu fosse nova mesmo, ao menos saberia a letra de um artista do momento, One Direction por exemplo. Minha irmã é nova e adora isso, vive postando fotos e coisas sobre os menininhos do grupo. Não tenho mais 12 anos. Tenho 13 a mais que isso. Não sou nova, viu. Já posso falar de coisas bizzaras e lembranças nítidas de mais de uma década atrás.

O meu texto poderá ser inédito, mas novo não. Minhas palavras e meu repertório foram juntados ao longo de duas décadas e meia. Isso não é pouco tempo, apesar de que admito que poderia ter aproveitado muito mais esse tempo e ter um repertório bem maior. Foi muito tempo pra pouco conhecimento, mas muito tempo pra boas histórias. Tive tempo de fugir de casa algumas vezes, cursar três anos de jornalismo, mudar de cidade várias vezes (mesmo sendo a maioria delas só duas cidades e no fim uma terceira), morar em diversas casas, ter muitos amigos superficiais e alguns amigos que carrego no peito e não abro mão, tive tempo de ser presenteada com 4 irmãos por meus pais! E muitas outras coisas, claro. Mas um adendo: com vinte e cinco anos de vida, ainda não fui no show do Metallica! Como pode isso?! Sempre me pergunto, como pode?!

Numa carcaça velha [porém conservada, tá!] acordo todos os dias, com todas as minhas experiências, mas buscando por mais hoje e amanhã. Experimento ser doce, ser chata, ser indelicada, ser paciente, ser intolerante, ser um amooor.. depende do dia e do humor. Ser sempre a mesma coisa não combina comigo, só procuro ser sempre do bem. Mas tem dia que você acorda velha, tipo com uma mente de 150 anos. Com 150 anos a paciência já não existe ou se é só paciência, imagine.

O que quero dizer [com tanta baboseira solta pelo meio] é que quando for criar o novo, esse novo será velho. Não vou fingir ser uma nova pessoa com uma nova perspectiva, uma narradora fantástica que nasceu do nada com belas frases que farão você rir, chorar, pular, temer e pensar. Isso não existe pra mim. Não tenho como criar algo do nada, não tenho como fugir do que sou, do que eu fui criada, do que eu sou formada e deformada ao longo de 25 anos bem vividos. O que criar terá minha fala, meu olhar, minha forma, minha vontade... meus personagens serão meus pensamentos. Tudo que criar será saído dessa mente, que pode ser velha com ideias novas, mas também velha com ideias velhas.

Vamos pensar em mentes agora. Você admira muito um livro? Personagens? Já parou pra pensar naqueles livros ou filmes em que tem o protagonista e o antagonista, um surpreendentemente bom e o outro é o ser mais maléfico que já viu (leu)? Então, tanto o bom moço como o vilão saíram da mesma mente (tirando casos de textos com dois ou mais autores). Tanto o bem como o mal, tanto o belo como o horrendo, tanto a luz como a treva. Tudo pode habitar dentro de uma pessoa. Tudo pode ser criado por uma mesma mente. A vida é cheio de extremos, a mente é cheia de extremos, os pensamentos nem sempre são só bons, mas tudo pode ser bem usado.

Então, é só um aviso: o texto pode ser inédito, mas vou criar algo velho. Meu caminho é motivo de brinde. Não posso jamais esquecer tudo que já vi e tudo que me trouxe até aqui. Farei questão de um texto com marcas e com os sorrisos que já percorri, com as dores que senti e que ajudei a acalentar, e com os sonhos que me acompanham e que vejo as pessoas ao meu redor à sonhar.

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